CÃO CIUMENTO
Um cão de guarda tem fortes sentimentos de ciúmes. O ciúme é a maior
qualidade que um cão de guarda pode ter. O que não for ciumento não guardará
nada.
Entre humanos, ciúme em relação à pessoa amada é considerado impertinente, mas
locupleta a vaidade da vítima.
Numa matilha de lobos, machos e fêmeas convivem na maior harmonia, a exceção é
real quando há uma disputa de liderança, momento em que, tanto o líder quanto o
desafiante, têm oportunidade de reconhecer a superioridade do adversário e se
render. Se nenhum dos dois desistir da luta, esta só terminará com a morte.
A exceção da luta pela liderança, não brigam, porque são livres para retirar-se
diante dum confronto indesejável.
Os cães, descendentes do lobo, vivem confinados.
As baias, dos canis de criação, devem ser individuais, caso contrário, nenhum
dos confinados terá a chance de retirar-se diante de um confronto. Deve ser
evitada a divisão entre dois canis com grades, pois estariam sempre se
provocando. Quando se soltarem a briga estará garantida. O correto é parede
cega.
Quando forem soltos, naturalmente pelo proprietário, um será, forçosamente,
solto antes do outro, estabelecendo uma preferência.
Toda a primeira briga entre cães, sempre acontece em presença do proprietário
que, certamente, irá apartar, mantendo a disputa pela liderança não resolvida
e, com isso, a indeterminação da prevalência dos direitos de um sobre o outro.
Como ninguém deseja arriscar um final desastroso, e com razão, a solução será
jamais agradar dois cães soltos. Se você quiser agradar, deverá manter sempre o
outro preso. Para agradar o outro, prenda o que estiver solto, para depois
soltar o outro. O mesmo vale para as fêmeas.
Um macho jamais brigará com uma fêmea.
A única espécie animal, na qual o macho briga com a fêmea, é a humana.
Exceção feita às espécies em cujo rito nupcial inclui a morte, sempre do
macho.
Gostar de cães é jamais provocar os seus sentimentos de ciúmes